Angra dos Reis – Velejando pela Ilha Grande

Cristiane Oliveira
escrito por Cristiane Oliveira

Vocês já pensaram em viajar pela costa do Brasil de veleiro? Pois bem, essa foi a nossa aventura na baía de Angra dos Reis e vamos contar tudo detalhado.

A família toda adora as atividades náuticas como andar de veleiros e participar de regatas… Eu e o Sandro por diversas vezes ganhamos regatas de Dingue e de FAST230 em Brasília no Lago Paranoá. Os meninos adoravam “regatear” também, principalmente de LASER, foram campeões nas classes Optimist e Laser.

Somos velejadores a quase 10 anos, e buscávamos algo diferente para as nossas férias que passaríamos em dezembro/2011 no Rio de Janeiro. Soubemos de diversos lugares que alugavam veleiros sem skipper ou capitão, pois tínhamos o Arrais (documento necessário para velejar em águas abrigadas ou baías).

Após diversas negociações, conseguimos alugar um veleiro que atendia as necessidades, um 38 pés por 5 dias.

Fonte: Revista Náutica/Guia de Angra e Parati 2011

 

Como Planejamos:

Considerando que estaríamos no Rio para passar as festividades de final de ano, e teríamos esse tempo ainda para novas atividades, foi só ajustar os tramites de alugar um carro e ver onde pernoitar. Visto que, planejamos chegar um dia antes do embarque para as compras necessárias para os 5 dias no veleiro.

Como tivemos tempo, ficamos num hotel dentro da própria marina, que nos facilitou para conhecer o barco previamente e listarmos as compras de mercado para nossa aventura.

Passagens:

Voamos de Brasília para Rio de Janeiro pela GOL, como compramos com antecedência, os valores foram próximos a R$200,00/pessoa.

Carro:

Alugamos um carro bem simples somente para a locomoção até Angra dos Reis, não queríamos luxo.  Porém, alugamos o carro “sem ar condicionado” crentes que iriamos ter “upgrade”. O resultado? Devida a alta temporada só tinha um UNO sem ar… delícia hein!! Sendo assim, abre a janela e partiu estrada. Afinal o que é um calorzinho de 40 graus sem ar na Linha Vermelha?

Veleiro: 

Alugamos o Veleiro Astral, um Elvstron 38 pés com o Sr Ricardo (site deles). Os valores estão dispostos no site, e variam muito de acordo com as necessidades de cada pessoa/família. Recomendamos muito, sempre pegar com tanque cheio, pois com a instabilidade de ventos não podemos comprometer nosso passeio, certo?

O veleiro tem capacidade para 6 pessoas, estávamos em 3, então foi perfeito! Pois utilizamos as duas cabines – popa e proa sem termos que ficar montando e descontado as camas na sala. Nós adoramos o barco. Principalmente porque havia cabine de fibra “DogHouse” que permite estar no cockpit em dias de sol ou chuva.

Vamos falar sobre alimentação. Compramos muita água e bebidas, gelo, pão fatiado, comidas para fazer em panela única, tudo para almoços rápidos e práticos (ou seja: macarrão, risoto, nhoque etc.). Além disso, o barco tem churrasqueira, então fizemos churrasco com pão e maionese! As sobras, viravam um mexidão no outro dia… sem frescuras ok!

Planejamento do percurso:

As coisas foram se encaixando naturalmente. Começamos reservando o Veleiro e depois estudando a região e olhando as cartas náuticas da baía, até para saber se daríamos conta dessa aventura. Sim, foi um pouco invertido mas deu tudo certo.

Estávamos tão concentrados no como fazer que somente nos demos conta que iríamos conhecer lugares incríveis quando recebemos junto com a revista Náutica, um guia de Angra e Parati 2011. Isso foi nossa Bíblia de atrações na região. Nós guardamos até hoje.

 

Agora, vamos contar sobre os nossos passeios, bem detalhado:

Marina de Bracuhy – Dentro do Condomínio Porto Bracuhy, há hotel e belas casas, algumas com seu pier individual. Nós chegamos no dia anterior e nos hospedamos no hotel, visto que queríamos sair cedo. Sendo assim,  aproveitamos a tarde para conhecer a região e fazer as compras para abastecer o barco. Conseguimos conhecer até a Usina de Angra, que fica na região.

O barco estaria pronto para saída as 10h, pois havia os tramites de receber o veleiro no dia anterior e preparar para nós. Sendo assim, aproveitamos para tomar um banho bem caprichado e um café da manhã de rei.

As 09:30h já estávamos recebendo as orientações do veleiro. Tudo sobre funcionamento do motor, rádio, funcionamento da água, conhecendo o barco e recebendo as últimas orientações de navegação na região, pois há muitas “Lajes” na região. Pedras submersas, que caso bata, o barco/lancha afunda.

A ansiedade toma conta, não tem como, enfim, partimos e seguimos a orientação da saída pelo canal,  que o Veleiro fica ancorado em uma das casas

Inicio da nossa aventura, vamos navegar e almoçar na praia do dentista (Ilha da Gipóia).

 

Praia do Dentista – Para nossa sorte e graças as cartas náuticas, uma coisa é achar a outra é ter certeza de onde estamos, chegamos junto com uma chuva de verão. Como era uma segunda-feira, haviam poucas embarcações atracadas. Preparamos nosso primeiro almoço!!

Essa é uma praia que nos finais de semana muitas lanchas vem e fazem “alagados”. Eles se juntam para curtir música, comer, beber e ver o lindo e o pôr do sol, que dizer ser um dos mais belos da região.

 

 

 

 

 

 

 

 

*Dica: Economia de água potável, a água do tanque do barco era para a limpeza e banho.

A chuva foi rápida, assim como a nossa parada. Fomos para a Ilha Grande achar o nosso primeiro lugar para passar a noite.

Como era nossa “estreia” nas águas de Angra, não quisemos esperar muito tempo e fomos para a Enseada do Sítio do Forte. Esse seria o local onde passaríamos a noite. Aprendemos rápido que as distâncias eram curtas, antes das 16:00 horas já tínhamos chegado. Foi ótimo, pois tínhamos tempo de atracar o barco, apreciar a natureza, passear de bote. Tudo com a maior tranquilidade, sem a pressa e o stress do dia-a-dia.

A noite chega, e com ela o silêncio e o breu da região. Descobrimos que é preciso deixar os quartos fechados, pois os pernilongos existem! Contemplar as inúmeras estrelas que não lembrávamos que existiam e as estrelas cadentes foram os presentes mais especiais recebidos naquela noite.

Amanheceu, e após o café, fomos almoçar na Enseada Lagoa Azul, um paraíso desde a entrada na enseada até nadar nas águas cristalinas entre peixes e tartarugas. Sim, as águas são tão limpas que dava para ver o fundo com areia branquinha.

Muitas recomendações nos diziam para ir passar a noite na Enseada de Saco do Céu, o nome diz tudo. Após várias horas de mergulho, saímos em busca da enseada mais escondida da ilha. As praias e enseadas se tornam fáceis, você identifica no mapa e no GPS e vai, sendo as distâncias bem curtas.

O mais incrível desse local, além do silêncio, foi descobrir o brilho dos plânctons, quando a noite cai. O breu está por toda a volta, quando você passa o remo na água ela brilha! Assim como no filme “As aventuras de PI”, foi uma descoberta incrível e disponível aos aventureiros.

E como o céu é um saco de estrelas, deu para ver a Via Láctea, a olho nú, mas não da vontade de entrar para dormir. Só ficar ali guardando na memória o que as câmeras não conseguem captar.

Depois de tantos dias comendo no barco, deu vontade de comer algo diferente, e fomos ao único restaurante que estava aberto, o Morango das Palmas localizado na Praia Grande das Palmas. Aproveitamos para fazer uma parte da trilha que leva até a Praia Lopes Mendes.

Após o passeio, hora de retornar ao barco e buscar um local para pernoitarmos, próximo a Marina de Bracuhy, pois teríamos que entregar o veleiro até as 09:00h. Contudo, a saída dessa praia, foi mais tensa, os ventos aumentaram e as ondas estavam mais altas e constantes, o que vez o barco balançar um pouco mais. Mas como de praxe, aproveitávamos e surfávamos as ondas, o que dava uma sensação mais tranquila.

Essa foi a nossa aventura pelas águas de Angra dos Reis, aprendemos muito, nos divertimos demais e ficamos com o gostinho de quero mais. A maior parte do percurso fizemos no motor, visto que o vento estava muito fraco, ajudou muito pois íamos na direção correta, independente do vento.

E você, o que achou desse roteiro, ficou com vontade de planejar sua próxima viagem? Ficou alguma dúvida sobre essa velejada em Angra dos Reis? Pergunte ou conte para a gente a sua experiência.

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